Revista ESTRATÉGIA INTERNACIONAL Nº 18 – Fevereiro/2002             www.ft.org.ar

 

Apresentação

 

Emilio Albamonte

 

Publicamos este número da Estratégia Internacional em meio a uma nova situação mundial aberta após o atentado de 11/09, marcada pela crise econômica mundial, o belicismo imperialista e a tensão e polarização entre as classes. As páginas desta revista dão conta destas questões.

A primeira recessão mundial sincronizada desde os anos 70 é abordada a partir de distintos ângulos por importantes economistas marxistas, como Michel Husson, Isaac Joshua e Hillel Ticktin, num dossiê dedicado a este tema.

A política agressiva e unilateralista do imperialismo norte-americano, que implica na “guerra contra o terrorismo”, e as conseqüências do triunfo no Afeganistão são o tema das teses sobre “A situação mundial após 11/09”. Abarcando a combinação dada entre a economia, as relações interestatais e a luta de classes este trabalho trata das dificuldades que tem o imperialismo norte-americano para transformar sua fortaleza conjuntural em êxitos mais duradouros que permitam uma nova estabilidade relativa em nível mundial.

As Jornadas Revolucionárias de 19 e 20 de dezembro, na Argentina, que derrubaram um governo eleito pelo sufrágio universal são fatos de enorme transcendência. A caracterização deste acontecimento, a análise e perspectiva da etapa revolucionária que se abriu, assim como a estratégia e o programa para o próximo período que os trotskistas do PTS levantaram são o tema principal do presente número.

A Argentina é o lugar mais avançado da América do Sul, região que está remarcada por fortes convulsões econômicas, políticas e sociais. Enquanto o governo norte-americano tem seus olhos postos na extensão da luta antiterrorista os acontecimentos da Argentina são um contraponto a sua política reacionária e belicista que ameaça os povos do mundo. Por isso, a luta das massas argentinas contra os governos subservientes e os planos “neoliberais” do FMI tem repercussão internacional.

Por sua vez, estes acontecimentos representam uma excelente oportunidade e um enorme desafio para os que reivindicam o marxismo revolucionário. Oportunidade porque, ao calor do processo revolucionário aberto na Argentina, coloca-se nesse período a possibilidade histórica da ruptura da classe operária argentina com a burocracia sindical e o peronismo no poder, retomando a experiência truncada pelo golpe militar de 1976. A emergência da classe operária com seus métodos de luta e programa colocará na ordem do dia esta questão e reafirmará mais que nunca a necessidade de construir um grande partido revolucionário dos trabalhadores. É apostando nesta perspectiva que os integrantes da Fração Trotskista - Estratégia Internacional e o Partido de los Trabajadores por el Socialismo da Argentina, através de seu jornal, boletins e intervenção direta na luta de classes, vêm se forjando nas jornadas que comoveram o país.

Desafio porque entramos nesta situação num feroz retrocesso do marxismo e da ausência de uma direção internacional revolucionária que estenda a luta, apoiando a mesma e retirando as lições estratégicas e táticas para a vanguarda internacional. Isso pressupõe que, nos vai-e-vens da luta de classes, a intervenção dos que reivindicam o marxismo revolucionário será, sem dúvida, tortuosa e repleta de vicissitudes e obstáculos adicionais aos que já se pode esperar em todo processo revolucionário.

Por isso, junto com a audácia para tentar ligar-se aos elementos mais perspicazes da vanguarda operária, juvenil e popular que estão despertando para a vida política na Argentina, devemos redobrar nossos esforços para dar passos efetivos na construção de uma direção internacionalista revolucionária. As lições e a convergência programática das “provas de fogo” da luta de classes internacional, como a recente guerra no Afeganistão ou as Jornadas Revolucionárias na Argentina, são um importante ponto de partida para dar passos nesse sentido. A luta por um Comitê de Enlace pela Reconstrução da Quarta Internacional, aberto a todas as correntes, organizações e indivíduos que compartilhem desta perspectiva é, hoje, uma das nossas mais urgentes prioridades.

A crise cada vez mais aguda do capitalismo internacional, o belicismo e militarismo imperialista, a situação de miséria e opressão em que se afunda a maioria da humanidade e o ódio e insubordinação de crescentes setores das massas torna necessário um estado-maior da classe operária e dos explorados. A luta pela reconstrução-refundação de um Partido Mundial da Revolução Socialista, a Quarta Internacional, é a tarefa central do próximo período.

Nestas páginas apresentamos nossas reflexões e elaborações para contribuir nesta tarefa.